A arte salva - e a medicina comprova isso
Se você ainda não acreditava em mim que a arte salvava, agora a gente tem provas...
No dia 22 de fevereiro, a cidade de Neuchâtel, na Suíça, aprovou uma iniciativa inusitada e poderosa: médicos agora podem prescrever visitas a museus para pacientes com doenças crônicas ou transtornos mentais.
Compartilhei essa notícia alguns dias depois, mas na última semana ela explodiu pelo mundo — e eu amei como as manchetes brasileiras a receberam. Se alguém ainda duvidava que a arte salva, agora a medicina confirma: visitar museus faz bem para a saúde mental.
Já faz um tempo que vejo um verdadeiro boom de iniciativas que unem arte e bem-estar, tanto na Europa quanto no Brasil. Na última semana, tive a chance de participar de alguns eventos incríveis sobre o tema, e por isso, decidi trazer essa inspiração para você. Uma desculpa perfeita para sair da internet e se conectar com a cultura.
E já que hoje começa a primavera (os europeus comemoram!), que tal colocar essa música de fundo e on y va? 🎶✨
O universo da arte em foco
O mundo da arte esteve agitado esta semana. Além da iniciativa suíça que mencionei antes, outras notícias esquentaram esse universo:
Um Canaletto que não é Canaletto
Uma famosa obra atribuída ao artista veneziano Canaletto — conhecido por suas paisagens detalhadas de Veneza — foi descoberta como sendo, na verdade, de seu sobrinho e aprendiz, Bernardo Bellotto. Durante pesquisas para um livro, especialistas da Wallace Collection identificaram que a pintura foi feita pelo jovem artista quando ele tinha apenas 16 anos. Isso não só reescreve a história da obra, mas também nos faz pensar em quantas assinaturas da arte ainda estão esperando para serem desvendadas.

35 anos do maior roubo de arte da história
No dia 18 de março, completaram-se 35 anos do maior roubo de arte já registrado: o assalto ao Isabella Stewart Gardner Museum. Até hoje, as 13 obras roubadas — incluindo pinturas de Rembrandt, Vermeer, Manet e Degas — nunca foram recuperadas. O museu não desistiu de encontrá-las e, a cada ano, aumenta a recompensa por pistas. Atualmente, o valor está em (apenas) 10 milhões de dólares. Nada mal, huh?
Uma obra-prima desaparecida... ou quase
E se eu dissesse que uma das pinturas do Isabella Stewart Garden Museum, um Rembrandt, considerada uma de suas mais importantes, reapareceu na última semana, você acreditaria? Eu adoraria que fosse verdade — afinal, enquanto alguns torcem por pilotos de F1 ou times de futebol, eu torço por obras desaparecidas voltando à luz do dia. 🙃
Na realidade, tudo não passou de uma estratégia de marketing para divulgar o novo filme Any Day Now (2025), de Eric Aronson. A produção simulou o reaparecimento da obra, envolvendo até o FBI (fantasia, claro!), para promover uma comédia inspirada no roubo de arte. A ação foi planejada estrategicamente para coincidir com o aniversário do assalto ao Gardner Museum e ocorreu durante um vernissage, garantindo visibilidade não só ao filme, mas também à galeria onde tudo aconteceu.
Esse é o tipo de estratégia que prova como a arte e o marketing podem andar juntos.
A ação foi brilhante porque uniu contexto, storytelling e um tema de grande valor emocional. Mas e se essa mesma ideia fosse aplicada ao seu negócio?
E se, em vez de um filme, fosse uma campanha para divulgar uma marca, um produto ou até um evento? O universo da arte e seus mistérios podem ser uma ferramenta poderosa para criar ações que fogem do óbvio e viralizam.
Aliás, o Brasil tem seu próprio enigma artístico: um roubo de obras de arte ocorrido há 19 anos e até hoje não solucionado. O valor das peças ultrapassa os 50 milhões de dólares, mas a falta de interesse das autoridades apenas reforça a relação frágil que o país tem com cultura e patrimônio. Uma reflexão importante, não acha?
No fim das contas, a arte não está apenas nos museus — ela nos ensina sobre estratégia, branding e conexão emocional. Mas, para enxergar tudo isso, é preciso se permitir entrar nesse universo.
Ou seja: faça como os médicos suíços e se autoprescreva um passeio por museus e galerias. O que me diz?
Inclusive, descobri que essa notícia chegou ao Brasil pela newsletter [Back to Basics], das incríveis Suellen Gargantini e Maria Beatriz. Elas propõem um exercício excelente para quem quer se aprofundar no universo artístico:
Te desafiamos a aproveitar o fim de semana para visitar um museu ou uma galeria de arte. Mas não só isso! Te incentivamos a ir, escolher uma obra que mais te chama a atenção para ler a respeito. Busque informações do artista e do movimento artístico da qual ele pertenceu. E para te ajudar nessa busca, recomendamos o app Google Arts & Culture. Baixe antes de ir. Com ele você conseguirá fotografar a obra e obter todas as informações mais importantes sobre ela. Seja interessado para se tornar interessante (e relevante).
Vivendo a arte mesmo sem entendê-la
Esse exercício, aliás, é algo que me comprometo a fazer pelo menos a cada 15 dias — uma espécie de treino para a mente, uma pausa para manter minhas ideias fora da caixa.
Quem me conhece sabe que minha paixão pela arte tem um tom mais clássico. Me rendo à delicadeza do Impressionismo e à inovação de alguns movimentos modernos, mas o que me atrai mesmo é a harmonia entre técnica e sensibilidade.
Ainda assim, faço questão de me desafiar. De sair da minha zona de conforto e explorar exposições e espaços que, em um primeiro momento, talvez não estivessem na minha lista.
Na última semana, embarquei nessa proposta com a Soho House e tive a oportunidade de conhecer o trabalho da artista turca Nilüfer Yildirim que divide sua vida entre Istambul e Milão. Sua arte, embora abstrata, tem uma intimidade palpável — um jogo entre camadas, texturas, formas e sentimentos que se traduzem sem precisar de palavras. E é justamente aí que está a mágica: o equilíbrio entre conceito e beleza.
No mesmo dia, segui para mais duas exposições completamente diferentes. Uma delas, profundamente clássica, onde o tempo parece pausado em cada pincelada. A outra, um registro fotográfico dos bastidores do balé no Teatro alla Scala, revelando a poesia oculta nos instantes antes da cortina se abrir.
Essa obra de Giuseppe Diotti era uma das principais da mostra, pois trás Leonardo da Vinci (esse homem com vestes amareladas) apresentando o projeto de sua obra A Última Ceia, um dos tesouros da cidade milanesa.
A exposição no Teatro alla Scala tinha como foco a fotografia de Gérard Uféras, renomado fotógrafo francês, e contava com peças artesanais feitas em papel, representando as vestes das bailarinas retratadas nas imagens. Um verdadeiro exercício de storytelling que dava ainda mais vida às fotografias — que, por si só, já eram impactantes.
Meu objetivo ao visitar múltiplas exposições em um mesmo dia é justamente esse: explorar a dualidade entre temas e meios de expressão, criando um contraste e, ao mesmo tempo, encontrando conexões inesperadas. Esse tipo de experiência me força a conectar pontos que, no cotidiano, podem parecer distantes ou até irrelevantes para outras pessoas.
E é nesse exercício que surgem insights valiosos. Ele me permite enxergar soluções que, na prática do meu trabalho como criadora e estrategista, são fundamentais. Afinal, inovação muitas vezes nasce do encontro improvável entre referências distintas — e a arte é um dos melhores laboratórios para essa experimentação.
Afinal, a arte, como a vida, se revela nos contrastes. Cada exposição, cada obra, tem algo a ensinar.
Um convite para ampliar seu repertório
Aproveitando o exercício que as meninas do [Back to Basics] propuseram, que tal olhar para as obras que compartilhei aqui e se aprofundar nos artistas e nos movimentos aos quais pertencem?
Eu sei que nem todos no Brasil têm fácil acesso a museus e galerias (sendo do Mato Grosso do Sul, conheço bem essa realidade). Mas ampliar o repertório não precisa depender de uma exposição física. Dá para começar agora, explorando referências, estudando artistas e descobrindo novas formas de olhar para a arte.
O que acha de experimentar esse exercício comigo?
A arte cura - e você pode praticar em casa!
Não é de hoje que vemos práticas artísticas invadindo encontros entre amigos. Desde o ano passado, tenho observado essa tendência crescer, seja em festas privadas, seja em atividades promovidas por cafés e wine bars. Esse movimento já tem até um nome por aqui: Sip & Paint (que poderíamos traduzir como “Bique e Pinte”).
Com a busca crescente por experiências off-line, a arte tem se consolidado como um refúgio — uma pausa necessária para descansar a mente e vivenciar o momento com mais profundidade.
Afinal, a arte nos convida a parar, observar e praticar. Ela nos coloca no presente, porque, até onde sei, ainda não existe uma inteligência artificial capaz de pegar nosso braço e desenhar por nós. Nossa atenção precisa estar ali, no instante da criação, e os benefícios dessa imersão são nítidos.
Não é de hoje também que a arte é usada como ferramenta terapêutica. Práticas manuais têm efeitos profundos no bem-estar emocional e são amplamente utilizadas por psicólogos e psiquiatras para auxiliar pacientes que encontram dificuldade em se expressar.
Apesar de toda essa bagagem, eu nunca tinha experimentado pintar cercada por outras pessoas — mas é para isso que os clubes existem, não é mesmo? Na semana passada, a Soho House organizou um evento nesse formato, e eu aproveitei para testar.
E vou ser sincera: eu amei! Foi uma noite leve, divertida, onde deixei de lado o peso dos pensamentos e me permiti apenas rir, conhecer novas pessoas e reconectar-me com a prática artística pelo simples prazer de criar — sem a pressão de transformar aquilo em um projeto.
A experiência foi conduzida por uma profissional holística, que observava e interpretava o que estávamos expressando por meio da pintura.
Teve quem percebeu que precisava aliviar dores. Teve quem descobriu que é, de fato, a alma da festa. Eu, que cheguei com a mente cheia, saí leve — e ouvi de muitas pessoas que era exatamente isso que minha arte transmitia.
A arte comunica o incomunicável
Esse é o poder da arte: ela nos dá uma linguagem quando as palavras falham.
Mesmo quem nunca pegou em um pincel ou acredita que “não sabe desenhar” (o que era o caso de 80% dos participantes do workshop) conseguiu se expressar de forma autêntica. Escolher uma cor, movimentar o pincel sobre o papel, observar a tinta se espalhar — tudo isso traduz, de forma sutil e poderosa, o que carregamos dentro de nós.
Pequenos gestos revelam tensões, leveza, alegria ou melancolia. A escolha das cores conta histórias silenciosas sobre nossos sentimentos.
No fim, o que parecia apenas uma noite despretensiosa revelou muito mais sobre cada um de nós do que qualquer conversa poderia.
E é aqui que, mais uma vez, a arte prova seu poder de cura.
Um segundo convite: agora para “curar"
Você tem papel e algum material colorido por perto? Pode ser lápis, tinta, canetas… qualquer coisa que te permita expressar.
Tire 30 minutos do seu final de semana (ou hoje mesmo, se quiser!) para um exercício simples, mas poderoso. Feche os olhos por alguns instantes e faça uma breve reflexão: como você está se sentindo agora? Sem julgamentos, apenas observe. Depois, deixe sua mão fluir no papel, sem regras, sem preocupações estéticas — apenas permitindo que as cores e formas traduzam seu interior.
Repare nas cores que escolhe sem pensar. Note os movimentos da sua mão. O traço está solto ou tenso? Há suavidade ou intensidade?
Esse é um exercício de autoconhecimento, um respiro criativo, uma pausa para relaxar e, quem sabe, transformar emoções em arte.
Se quiser compartilhar esse momento comigo, me mande uma mensagem no Instagram ou poste e me marque: @francyatelier. Vou adorar ver o que a sua arte tem a dizer.
Para você ir além:
Assista ao documentário O Maior Roubo de Arte do Mundo, na Netflix - ele conta a história por trás do que aconteceu no Isabella Stewart Garden Museum e o que foi descoberto na época.
No tema, assista ao documentário Vjeran Tomic: O Homem-Aranha de Paris - ele conta a história por trás de um roubo que aconteceu no Museu de Arte Moderna da cidade pela ótica do ladrão, pois é ele que conta a história.
Acompanhe o Branding para Marcas que acabou de ganhar um site e já tem MUITO conteúdo para você sair da zona de conforto.
Um conteúdo mais reflexivo e cheio de exercícios para você não só falar sobre autoconhecimento, mas para se conhecer de verdade.
Nos vemos na próxima semana.
Bisous,
Francy
Amei muito essa news e vou fazer os exercícios digitalmente. Sempre reclamo que vivo numa cidade quem pouco, ou qse nada, de arte. Essa semana fui ver uma orquestra e qse morri de emoção. hahah
Aqui tb tem um grupo que se reúne para pintar quadros e beber vinho. Me inscrevi em uma para o mês que vem, depois conto como foi.